domingo, 22 de agosto de 2010

A Descoberta.

Era sábado a noite por volta das 8:00 horas da noite, quando o telefone toca: "  Vai se arrumar?" prontamente respondeu que sim e ali finalizaram a ligação. Passaram-se duas horas, e ele garoto dedicado que havia comprado roupa especialmente para a noite, foi...foi com perfume reforçado, cabelo bem arrumado (ao seu gosto, claro) e sorriso largo no rosto, era uma boa noite.
Ao se avistar Paulo, seu amigo, no local onde se encontrariam, logo já percebeu o sorriso maroto que o mesmo levava no rosto, sabia que viria algo alí.
- Então, você vai me desculpar mas não iremos a mesma balada hoje, o amigo do Carlos não quer ir a Goofy hoje.
- Ah não! - respondeu ele - Não quero ir à aquele lugar, por favor!!!
- Tudo bem, vou falar com o Carlos, mais não posso garantir, se bem que eu também não quero ir,
Após alguns minutos, ele volta com a resposta:
- Vamos fazer assim, a gente se encontra com eles na frente da outra balada e lá nós os convenceremos.
E assim foi, o táxi chegou e já estávamos com o plano de ação montado, seria perfeito. Logo que chegamos, Paulo já foi em sua direção tentar dizer algo, enquanto o outro garoto do texto ficou parado esperando. Era um ambiente estranho, um ambiente que forçava ao caos.
- Oi Carlos! Então, onde está o fulano teu amigo?
- Está chegando, terminando de estacionar o carro.
- Vou lá, esperar ele.
E assim ele foi, sabendo do que teria de ser feito, tudo menos passar a noite alí. Parado atrás do carro, soltando um sorriso e arrumando os cabelos já inspirando o que o amigo fulano deveria sentir.
-Oie! Tudo bem Fulano?
-Tudo!
Já debruçado sobre o vidro do carro, claro, ele sentiria seu perfume.
-Humm...Acho que vocês mentindo, não parece com uma cara tão boa assim, que acontece?
- Blá blá blá, Whiscas sachê, blá blá blá.
-Então, sai do carro vem cá.
Logo abriu a porta e o trouxe para mais perto um pouco, iria ver como a roupa caíra bem e como estava desejável.
- Você precisa de um lugar diferente, continuar a sempre trazer mágoas para o mesmo lugar não dá! Ele chega a perder o efeito - já passando a mão sobre o rosto de Fulano - e a de convir que será uma noite agradável.
Nisso, já interessado pelas curvas que seu corpo adotava, corpo jovem e ainda sem uso, que cheirava como desejo e tinha voz de criança, acabou por aceitar.
Feliz em saber da notícia, Paulo e Carlos foram juntos para o carro de Fulano, sentaram nos bancos de traz, deixando para o garoto do texto o lugar ao lado de fulano, estávamos a caminho da balada desejada, aquela que realmente queríamos ir, onde seu ponto focal estaria, o seu desejo, aquele que é sua sina.
Durante o caminho era inevitável não continuar a insinuação, precisava que tudo saísse perfeito até o fim, ele precisava entrar e aí sim tudo estaria perfeito. Todos os interesses eram em comum naquele momento, ele erá o mais perfeito dos companheiros, desde adivinhar seu perfume que cheirava madeira velha assim como seu ego, quanto as linhas de imperfeição de seu rosto - só mais alguns quilômetros - pensava. Chegamos! - Agora preciso mantê-lo na fila, o que farei? - Precisava de mais uma unica manipulação, a certeira que o manteria durante o resto do caminho até adentro.
Falar da vida pessoal era infalível, ninguém resiste a dizer o que faz da vida como é ou não reconhecido, e como tudo isso afeta sua vida amorosa e seu sofrimento com o amor.
- Todos são alvo do falso amor. - pensou e concluiu com a seguinte frase - Nossa! como pode isso? Eu sei como dói, já sofri por isso. Você é um alguém por demais especial fulano, simpático, bonito...Você precisa de alguém assim como você.
De fato ele sabia dessa dor, ele mais que ninguém nesse mundo a sentiu...Aquela dor estava entranhada naquele momento em sua pele, más não haviam marcas, não haviam cicatrizes, porque se trata de uma hemorragia. Enquanto se olha o bonito sorriso não se encherga o sangue que o faz morrer lentamente.
Passado a fila, passado o segurança, passado o caixa, todos dentro da Boate, foi perfeito. Era impossível que desse errado, com tantas artimanhas utilizadas. Assim se assegurou que todos estavam "bem", o garoto pode sair e cumprimentar todos que conhecia, como ja havia feito durante a fila, mais dessa vez era em busca do seu tão amado, de sua maior metade, ela devia estar alí. Olhou em todos os cantos, em todas as direções, foi ao camarim, fumou um cigarro, foi na pista vendo rosto por rosto e nada igual, fumou um cigarro. Algumas vezes enchergava alguém parecido e seu coração batia forte, ele sentia o sangue doer dentro de seu corpo, mais eram poucos momentos de vida, para quem vive na morte. Já eram 2:00 horas da manhã e ele não havia chegado, decidiu fumar outro cigarro e depois para a pista. Ao chegar na pista, um amigo já muito bêbado o puxou para dançar junto, e pelo impulso da força utilizada, foi com seu corpo frágil e jovem, era delicado e sedutor até mesmo agora. Chegou e começou a dançar, utilizava de momentos singulares e mínimos, não estava muito afim o pobre garoto. Ele sentia alguém que o fitava, mais quando iria direcionar o olhar uma garota veio falar com o garoto sem nome:
- Seu cabelos são naturais? Você é muito lindo!
- Risos. Não são não, na verdade está precisando de retoque, mais amo pessoas com este de tom de cabelo, igual ao meu.
- Blá blá blá Whiscas sachê, blá blá blá.
E foram sentar. Sentaram e percebeu uma face bonita, ele era bonito, tinha uma pele bonita e uma boca delineada, e do nada aquele ser veio em sua direção e quando menos percebeu aquelas mãos tão macias tocavam seu corpo em ato de cumprimento.
- Olá - Disse a voz grave.
- O-oi - disse ele de surpresa, ele precisava de alguma máscara, ele precisava não ser ele. Estava desesperado.
- Era você, não era? Tal dia com X roupa. Você estava deslumbrante.
- Err...Sim era! Mas...Obrigado, muito gentil -  E ao pensar em sua segunda resposta, seus lábios foram interrompidos por outros, que começaram vagarosamente a tocá-los. Era arrepio, que o garoto sem nome não sentiu.
Ele não sabia coordenar movimentos, ele não sabia que entrelaçava seus lábios ou movimentava suas mãos, pois não havia sentido ali. Foi seco, foi pensado, era beijo de olho aberto. - Mais por que não acontece? - pensava. Por força do momento, o outro veio a sua mente, o seu amado, a sua sina, a vida! A sua maior metade...não era aquele que o tocava e tentava obter seu corpo jovem. - Não! Eu não posso! Não é ele...Mais ele não tem nada com você...Mais eu tenho com ele! Isso de nada vale, você é somente mais um corpo jovem para ele... - Gladiava  com seu consciente.
- Está bom para você? -Perguntou para o rapaz.
- É-e...Sim.
-Obrigado.
E saiu, para lavar sua boca, que estava cheia de sangue do seu corpo semi vivo. Não foi o sentimento que acabou, não foi. Foi o seu ser que estava a um fio de não existir, e ele descobriu por si, que alí morreria novamente, após ter um dia estado vivo por poucas horas com sua maior metade.

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